28.12.06

chegou o dia



Aquele…que este, também se encantara,
o que deixou em mim, a marca dos anseios
que mudou a forma, de um tempo gélido

agora também percorro um carreiro com vida
procuro me abster do que me sustem
de não chorar quem está, mas quem não vem…

saudades voltam, porque não se tem
os sussurros que não se ouvem,
as palavras que não se medem

ilusões que não tinha, delas agora me alimento
dos sonhos que eu criara, agora me sustento

e a memória dos percursos traçados

20.12.06

porque hoje...



Hoje sinto o ar fresco e frio batendo no rosto, neste promontório ao longe avisto o oceano sem fim, fazem-se balanços e sinto o quanto é positivo, porque hoje é mais uma efeméride, sobre as décadas de existência de meu ser, de minha alma, do que eu sou...



Eu...

Eu sou cheiro de prado primaveril

sou aquele que alimenta
sonho, mentes e coração
mas, também abandono
um corpo cheio de paixão
sou o corpo que acalenta
o olhar da atenção
mas não oiço hipocrisias
e nem palavras ocas
sou a lembrança perdida
nas vontades loucas
sou sabor de um beijo longo
numa noite de estrelas
sou uma doce música
lembrança de quem me ama.

18.12.06

a viagem



Hoje viajo neste comboio, que me leva por carris que são os percursos que foram gravados na memória, percorrendo horizontes de esperança sem que nunca houvesse consciência, passando por paisagens que nos ficam gravadas na pele, neste carruagem, eu vislumbro, deleito-me, gozo, transbordo alegria, mas também, iro-me, soturno-me e sinto mágoa de uma ou outra, breve mas má paragem, sempre anotando nos meus moleskine esses momentos, dando um colorido nas palavras escritas pela minha caneta. Mas nelas, reside uma das melhores passagens, persiste a saudade, reside o sonho, reside a esperança, desde que no dia subiste a este comboio, quando num texto sem conteúdo, terminado com uma minúscula e ponto final e logo a seguir na próxima caixa alta e até serifado. Entraras, estavas coberta de um veu púrpura, decorado com vocábulos galaicos, logo entraramos num percurso de uma beleza imensa, onde os sentidos se perdiam no horizonte sem fim, quando os teus lábios tocaram os meus e nos teus olhos li que descias naquela estação. Eu, continuo nesta linha seguindo o percurso, olhando a porta da esperança.

14.12.06

despertar sem tempo


Era um dia como outro qualquer não fosse no meu despertar, olhando as minhas mãos, descobrir estavam pintadas de um tom que defino, como aquele que é pintado um horizonte de infinito, quando me ergo de um leito, dirijo-me num espelho, vi-me ladeado com um sopro de vida, no reflexo estava pintado uma figura de porte feminino, virei-me, no mesmo leito, lá estava ela, imóvel, despida, sem movimentos, de rosto expressivo e olhos grandes, enormes, seus lábios grandes e de desenho bem contornado, os seios tombados sobre um pergaminho onde estava escrito pelas suas mãos, a poesia, desenhado na sua iris o encanto, de fundo soava melodicamente uma pauta mágica, onde meus sentimentos se cruzaram no tempo que não se mede, constatei, não havia nada que medisse o tempo, nada que me tirasse o prazer de estes momentos. Acabara de descobrir que, se em mim não era esta a felicidade, eu tomava-a como tal, nunca tivera semelhante sentir, esta musa dera-me seu sopro de vida, seus olhos em mim, agora clamavam a poesia da vida, estimulando a minha capacidade de amar e sonhar.